Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele
que vos pedir a razão de vossa esperança." (I Pedro 3,15)
Oração para o Jubileu da Misericórdia... (Papa Francisco)
Senhor Jesus Cristo que nos ensinastes a ser misericordiosos como o Pai do Céu,
e que dissestes quem te vê, vê também o Pai.
Mostra-nos o teu rosto e seremos salvos.
Teu olhar amoroso libertou Zaqueu e também Mateus da escravidão do dinheiro;
a adúltera e a Madalena de buscar a felicidade somente nas criaturas;
fez chorar a Pedro da sua negação, e deu o Paraíso ao Bom ladrão arrependido.
Faz que cada um de nós escute, como própria, a palavra que tu disseste á Samaritana:
Se tu conhecesses o dom de Deus!
Tu és o rosto visível do Pai invisível, do Deus que manifesta sua omnipotência sobre tudo no perdão e na misericórdia:
Faz que, no mundo a Igreja seja o rosto visível de Ti, seu Senhor ressuscitado e glorioso.
Tu quiseste também que os teus ministros fossem revestidos de debilidade,
para que sintam sincera compaixão dos que se encontram na ignorância ou no erro:
Faz com que quem se aproximar a um deles se sinta acolhido, amado e perdoadopor Deus.
Manda teu Espírito e consagra-nos a todos com a sua unção, para que o Jubileu da Misericórdia seja um ano de graça do Senhor e tua Igreja possa, com renovado entusiasmo, levar a Boa Nova aos pobres,
proclamar a liberdade aos prisioneiros e oprimidos
e restituir a vista aos cegos.
Te o pedimos por intercessão de Maria, Mãe da Misericórdia,
a ti que vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos.
Amém.
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A doutrina da Igreja nos ensina que "o homem é criado por Deus e para Deus". Todavia, no decorrer de sua vida terrena, muitos ficam ao longo do caminho porque perdem justamente o foco sobre a própria finalidade, esquecendo-se de que foram feitos por e para Deus.
EPIFANIA DO SENHOR
06 de janeiro, celebramos a Solenidade da Epifania do Senhor, dia de Reis. “Epifania” é uma palavra grega que significa “manifestação”. Foi o dia da manifestação de Jesus como Salvador de todos os povos, na pessoa dos Reis do Oriente, os Magos ou Sábios, que vieram visitar o Menino Jesus em Belém, o Rei dos Reis (Ap 19, 16), o “Príncipe da Paz” (Is 9, 5).
Deus usa de vários meios para chamar a si as pessoas, meios adaptados à personalidade e às condições de cada um. Aos pastores, judeus, já familiarizados com as revelações divinas do Antigo Testamento, Deus chamou através dos anjos, mensageiros da boa nova do nascimento de Jesus. Os Magos, porém, eram pagãos, da Arábia. Mas como eram astrônomos e astrólogos, Deus os chamou através de uma estrela misteriosa. Jesus não discrimina ninguém: no seu presépio vemos pobres e ricos, judeus e árabes. Todos são bem-vindos ao berço do pacífico Menino Deus. Já se vislumbra assim que Jesus é e será a fórmula da paz para o Oriente Médio.
Jesus veio nos trazer a verdadeira paz, a sua paz. “Dou-vos a minha paz. Não é à maneira do mundo que eu a dou” (Jo 14, 27). “Seu nome será… Príncipe da Paz” (Is 9,5). Esse foi o cântico dos anjos na noite de Natal: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e, na terra, paz aos que são do seu agrado!” (Lc 2, 14). E a sua primeira saudação aos Apóstolos depois da Ressurreição foi: “A paz esteja convosco!” (Jo 20, 19 ss).
Em sua mensagem de Natal “Urbi et Orbi” deste último Natal, o Papa Francisco falou da paz no mundo e pediu a oração pela paz:
“Ele, só Ele, nos pode salvar. Só a Misericórdia de Deus pode libertar a humanidade de tantas formas de mal – por vezes monstruosas – que o egoísmo gera nela. A graça de Deus pode converter os corações e suscitar vias de saída em situações humanamente irresolúveis. Onde nasce Deus, nasce a esperança: Ele traz a esperança. Onde nasce Deus, nasce a paz. E, onde nasce a paz, já não há lugar para o ódio e a guerra. E, no entanto, precisamente lá onde veio ao mundo o Filho de Deus feito carne, continuam tensões e violências, e a paz continua um dom que deve ser invocado e construído. Oxalá israelitas e palestinenses retomem um diálogo direto e cheguem a um acordo que permita a ambos os povos conviverem em harmonia, superando um conflito que há muito os mantém contrapostos, com graves repercussões na região inteira”.
“Ao Senhor, pedimos que o entendimento alcançado nas Nações Unidas consiga quanto antes silenciar o fragor das armas na Síria e pôr remédio à gravíssima situação humanitária da população exausta… Penso ainda em quantos foram atingidos por hediondos atos terroristas, em particular pelos massacres recentes ocorridos nos céus do Egito, em Beirute, Paris, Bamaco e Túnis. Aos nossos irmãos, perseguidos em muitas partes do mundo por causa da sua fé, o Menino Jesus dê consolação e força. São os nossos mártires de hoje”.
Aprendamos com a Sagrada Família de Belém, do Egito e de Nazaré, a paz e a harmonia, de que tanto o mundo precisa.
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
NATAL HOJE E SEMPRE!
Dom Fernando Arêas Rifan*
“Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo e fez o homem à sua imagem; – séculos depois de haver cessado o dilúvio, quando o Altíssimo fez resplandecer o arco-íris, sinal de aliança e de paz; – vinte e um séculos depois do nascimento de Abraão, nosso pai; – treze séculos depois da saída de Israel do Egito, sob a guia de Moisés; – cerca de mil anos depois da unção de Davi, como rei de Israel; – na septuagésima quinta semana da profecia de Daniel; – na nonagésima quarta Olimpíada de Atenas; – no ano 752 da fundação de Roma; – no ano 538 do edito de Ciro, autorizando a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém; – no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra, na sexta idade do mundo: JESUS CRISTO DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI, querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses, nasceu da Virgem Maria, em Belém de Judá. Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana. Venham, adoremos o Salvador! Ele é Emanuel, Deus Conosco”. Este é o solene anúncio oficial do Natal, feito pela Igreja na primeira Missa da noite de Natal!
O Natal é a primeira festa litúrgica, o recomeçar do ano religioso, como a nos ensinar que tudo recomeçou ali. O nascimento de Jesus foi o princípio da revelação do grande mistério da Redenção que começava a se realizar e já tinha começado na concepção virginal de Jesus, o novo Adão. Deus queria que o seu projeto para a humanidade fosse reformulado num novo Adão, já que o primeiro Adão havia falhado por não querer se submeter ao seu Senhor, desejando ser o senhor de si mesmo e juiz do bem e do mal. Assim, Deus enviou ao mundo o seu próprio Filho, o Verbo eterno, por quem e com quem havia criado todas as coisas. Esse Verbo se fez carne, incarnou-se no puríssimo seio da Virgem, por obra do Espírito Santo, e começou a ser um de nós, nosso irmão, Jesus. Veio ensinar ao homem como ser servo de Deus. Por isso, sendo Deus, fez-se em tudo semelhante a nós, para que tivéssemos um modelo bem próximo de nós e ao nosso alcance. Jesus é Deus entre nós, o “Emanuel – Deus conosco”, a face da misericórdia do Pai.
São Francisco de Assis inventou o presépio, a representação iconográfica do nascimento de Jesus, para que refletíssemos nas grandes lições desse maior acontecimento da história da humanidade, seu marco divisor, fonte de inspiração para pintores e místicos.
Que tal se fizéssemos um Natal contínuo, pensando mais no divino Salvador, na sua doutrina, no seu amor, nas virtudes que nos ensinou, unindo-nos mais a ele pela oração e encontro pessoal com ele, imitando o seu exemplo, praticando as obras de misericórdia, convivendo melhor com nossa família…
Desse modo a mensagem do Natal vai continuar durante todo o Ano Novo, que assim será abençoado e feliz. FELIZ NATAL E ABENÇOADO ANO NOVO!
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianne
Abrir a porta do coração: é Natal
Em 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, o Papa Francisco abriu o Jubileu da Misericórdia em Roma. Em sua homilia, Francisco explicou o significado e o caráter simbólico da porta: “Entrar pela porta significa descobrir a profundidade da misericórdia do Pai que acolhe a todos e vai pessoalmente ao encontro de cada um. É Ele quem nos busca. Este será um ano para crescer na convicção da misericórdia“.
Para destacar a misericórdia que o Pai nos oferece, recorreu à explicação de santo Agostinho: “Todo aquele que diz que pelo juízo de Deus somente podem ser punidos os pecados futuros, mas não podem ser perdoados pela misericórdia de Deus, devem considerar a grave ofensa que faz a Deus e à sua graça (S. Agostinho, Sobre a predestinação 12, 24). Sim, assim é. Devemos antepor a misericórdia ao juízo e, em qualquer caso, o juízo de Deus terá lugar sempre à luz de sua misericórdia. Que a passagem pela Porta Santa, portanto, faça que nos sintamos partícipes deste mistério de amor. Abandonemos toda forma de medo, que não é próprio de quem é amado; vivamos, ao contrário, a alegria do encontro com a graça que transforma tudo”.
Nesse dia, finalizada a eucaristia na praça de São Pedro, enquanto milhares de pessoas aguardavam ali, tomas de expectativas, Francisco se dirigiu à Porta Santa da Basílica. Seguiam-no em silencio os cardeais, bispos, alguns sacerdotes concelebrantes e um pequeno grupo de religiosos e leigos. Diante da Porta, o Papa elevou sua oração: “Oh Deus, que revelas tua onipotência sobre tudo na misericórdia e no perdão: dá-nos viver um ano de graça, tempo propício para amar a ti e aos irmãos na alegria do Evangelho. Continua infundindo-nos teu Santo Espírito para que não nos cansemos de dirigir com confiança nosso olhar a Cristo, teu Filho feito homem, rosto esplendente de tua infinita misericórdia, refúgio seguro para todos os pecadores, necessitados do perdão e da paz, da verdade que liberta e salva”. A seguir, durante a procissão pelo interior da Basílica até o altar da Confissão, o coro e o povo cantavam: “Eterna é sua misericórdia”.
Ao passar pela Porta Santa, pensei que estava ali representando toda a Ordem. Pedi perdão pelos pecados de todos nós. Nossa esperança está posta na misericórdia do Senhor. A misericórdia do Senhor é infinitamente maior que nossa miséria e nossos pecados. Torna-nos tolerantes com as necessidades dos outros e nos ensina a reconhecer com humildade nossos egoísmos e a sentir-nos profundamente amados.
Na audiência de 9 de dezembro, Francisco dizia: “A Igreja necessita deste momento extraordinário. Em nossa época de profundas mudanças, a Igreja é chamada a dar sua contribuição especial, tornando visíveis os sinais da presença e da proximidade de Deus… Este Ano Santo nos é oferecido para que experimentemos em nossa vida o suave toque e a doçura do perdão de Deus, de sua presença junto a nós e de sua proximidade sobretudo nos momentos de maior necessidade… Este Jubileu, em definitivo, é um momento especial para que a Igreja aprenda a escolher só o que mais agrada a Deus”
No Natal, a misericórdia de Deus se manifesta no Menino de Belém, mistério de amor e ternura. Celebremos com alegria e esperança o Natal. O coração de Deus palpita no coração de toda criança, em cada homem e mulher, em toda a criação. Abramos com humildade a porta de nosso coração e experimentemos a misericórdia do Pai e a vida nova que o Espírito faz brotar no fundo de nosso coração. “Alegrai-vos! Na cidade de Davi vos nasceu um salvador, Cristo o Senhor” (Lc 2,10-11)
Feliz Natal!